Economia

Ibovespa sobe com eleição nos EUA e bloqueio no Orçamento no radar; dólar cai a R$ 5,56





Na sexta-feira, o dólar à vista encerrou o dia cotado a R$ 5,60 na venda, em alta de 0,28% 

O Ibovespa abriu a semana no campo positivo e o dólar recuou ante o real nesta segunda-feira (22), com mercados em todo o mundo repercutindo a desistência de Joe Biden à reeleição da Presidência dos Estados Unidos e o fortalecimento do nome da vice Kamala Harris para assumir a disputa contra Donald Trump.

Para analistas, a mudança diminui parte das apostas de vitória de Trump, que vinha tirando parte do fôlego dos investidores por ativos de risco e mercados emergentes.

Na cena doméstica, o destaque ficou com a oficialização do governo federal em congelar R$ 15 bilhões do Orçamento para cumprir a meta fiscal, conforme já havia sido anunciado na semana passada.

O Relatório Bimestral de Receitas e Despesas também mostrou que o Executivo estima rombo de R$ 32,6 bilhões (0,3% do PIB) em 2024, ante estimava de R$ 14,5 bilhões (0,1% do PIB) na edição do bimestre anterior.

Pouco depois do meio-dia, antes mesmo do relatório, Lula reforçou o discurso do governo de defesa do equilíbrio fiscal. Em entrevista a jornalistas de agências internacionais, ele afirmou que o governo fará o congelamento de despesas orçamentárias sempre que necessário e disse que traz a questão da responsabilidade fiscal nas “entranhas”.

O principal índice do mercado brasileiro fechou a sessão com avanço de 0,19%, aos 127.859 pontos, em linha com desempenho positivo das bolsas em Wall Street e nas principais praças da Europa.

A mudança no cenário eleitoral dos EUA pressionou o dólar para baixo, encerrando o dia com perda de 0,64%, negociado a R$ 5,568. Contra a cesta de moedas fortes, porém, a divisa norte-americana ficou praticamente estável.

Eleição nos EUA

Mercados globais ainda digeriam o anúncio de Biden no domingo (21), quando disse em comunicado que não buscará um novo mandato na eleição de novembro, acrescentando nas redes sociais minutos depois que apoiará a vice-presidente, Kamala Harris, como candidata do Partido Democrata.

As apostas na vitória do candidato republicano, Donald Trump, vinham subindo nas últimas semanas, quando cresceram as dúvidas sobre a capacidade de Biden servir no cargo por mais quatro anos. A tentativa de assassinato de Trump em 13 de julho também levou analistas a creditar maior favoritismo ao ex-presidente no pleito.

A perspectiva de um novo mandato de Trump na Presidência dos EUA havia afetado o apetite por risco em mercados emergentes.

Temores de uma política comercial restritiva e uma política externa isolacionista geraram pressão em uma série de moedas, incluindo o real, à medida que se elevava os rendimentos dos Treasuries.

“A decisão do Biden de não concorrer à presidência mexeu com o cenário da moeda porque a chance de Trump ganhar diminui, então isso ‘enfraqueceu’ um pouco a chance da política ficar mais protecionista, o que enfraquece o dólar”, explica Hemelin Mendonça, educadora financeira e sócia da AVG Capital.

Governo prevê rombo de R$ 32 bi

Os ministérios da Fazenda e Planejamento oficializaram o bloqueio de R$ 15 bilhões no Orçamento federal para cumprir as regras do arcabouço fiscal. A medida já havia sido anunciada na semana passada.

De acordo com o Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Públicas (RARDP) referente ao terceiro bimestre, divulgado nesta segunda-feira (22), o rombo nas contas públicas chegou a R$ 32,6 bilhões (0,3% do PIB), confirmando a necessidade de bloquear recursos de ministérios.

No entanto, o decreto com o detalhamento de quais pastas terão seus recursos limitados será publicado apenas no dia 30 de julho. A partir daí, os ministérios têm cinco dias para indicar quais programas sofrerão os cortes.

Cerca de R$ 11,2 bilhões foram bloqueados para atender o aumento de gastos com a Previdência Social. Outros R$ 3,8 bilhões foram contingenciados, devido à baixa arrecadação federal.

Assim, o governo conseguiu reduzir o rombo das contas para o limite da banda inferior, de R$ 28,8 bilhões (0,25% do PIB) — lembrando que o alvo da gestão federal é zerar esse valor em 2024. No último relatório bimestral, divulgado em maio, a gestão apontava déficit de R$ 14,5 bilhões em 2024.

Fonte: CNN com Reuters