O Ibovespa começou o dia com leve alta, mas mudou o rumo em queda de mais de 1% na tarde desta sexta-feira (6), em dia de recuo de blue chips como Itaú e Petrobras e com agentes analisando dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos, enquanto ajustam suas apostas sobre os próximos movimento de política monetária do Federal Reserve.
O Departamento do Trabalho norte-americano informou que o nível de emprego nos EUA aumentou menos do que o esperado em agosto, enquanto a taxa de desemprego caiu em linha com expectativas de 4,3% em julho para 4,2%, indicando uma desaceleração ordenada.
Às 14h23, o Ibovespa recuava 1,13%, a 134.975,09 pontos. Na última sessão, o principal índice do mercado brasileiro fechou em alta de 0,29%, aos 136.502 pontos, na segunda sessão consecutiva de resultados positivos.
No mesmo horário, o dólar subia 0,19%, cotado a R$ 5,584. A moeda norte-americana acumula uma desvalorização de 1,63% na semana, sugerindo um fortalecimento da moeda brasileira no curto prazo.
A economia dos EUA abriu 142 mil postos de trabalho fora do setor agrícola em agosto, abaixo das 160 mil que economistas consultados pela Reuters esperavam, enquanto os números de julho foram revisados para baixo, de 114 mil para 89 mil.
“Parece que as coisas estão desacelerando um pouco, não que algo cataclísmico seja iminente”, disse Matt Rowe, chefe de gerenciamento de portfólio da Nomura Capital Management.
Após o relatório, operadores apostavam em uma probabilidade de 63% de que o Fed cortará a taxa básica em 25 pontos-base este mês, contra 60% na quinta-feira, enquanto as apostas em um corte de 50 pontos caíram para 37%, contra 40% no dia anterior, mostrou a ferramenta FedWatch da CME.
Uma série de comentários mais moderados de membros do Fed após a divulgação do relatório, no entanto, apaziguaram as esperanças dos agentes financeiros e deixaram os mercados em situação semelhante a da véspera, com incerteza sobre o tamanho do afrouxamento pelo banco central norte-americano.
A maioria dos mercados passou a ver uma redução de juros mais gradual.
O resultado se soma a dados fracos sobre o setor privado divulgados na véspera. O relatório da ADP de agosto havia mostrado a criação de 99 mil vagas de trabalho por empregadores privados, abaixo dos 145 mil esperados, fomentando temores de uma desaceleração mais forte na maior economia do mundo.
No mês passado, o chair do Fed, Jerome Powell, disse que “chegou a hora” de ajustar a política monetária do banco central dos EUA, acrescentando que as autoridades desejavam evitar um enfraquecimento adicional do mercado de trabalho.
No cenário nacional, a queda do dólar mais cedo foi impulsionada pela perspectiva de que, na contramão do Fed, o Banco Central deve elevar a Selic na reunião deste mês, em meio à desancoragem das expectativas de inflação em um cenário de atividade econômica aquecida e de um mercado de trabalho apertado.
“A economia norte-americana cortando os juros e no Brasil subindo, o real deve ter uma atratividade um pouco maior justamente para aqueles investidores que são menos sensíveis aos ativos de risco ou principalmente das economias emergentes e que preveem um retorno maior sobre as taxas de juros”, disse Marcio Riauba, gerente da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio.
Quanto maior o diferencial de juros entre Brasil e EUA, melhor para o real, que se torna mais atrativo para investimentos estrangeiros.
Fonte: CNN