O dólar fechou a sessão desta terça-feira (10) em alta, à medida que o mercado seguia de olho nas eleições norte-americanas. Investidores também repercutiram os novos dados de inflação por aqui e continuaram à espera das decisões de juros dos bancos centrais do Brasil e dos EUA.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os preços medidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caíram 0,02% em agosto, na primeira deflação do ano.
O resultado veio um pouco melhor que as expectativas, que esperavam uma alta de, em média, 0,01% nos preços.
Investidores do mundo todo também aguardam pelo primeiro e talvez o único debate entre Kamala Harris e Donald Trump, na corrida eleitoral para a Presidência dos Estados Unidos.
Já o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, fechou em queda.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Ao final da sessão, o dólar subiu 1,31%, cotado a R$ 5,6546, no maior patamar desde 6 de agosto, quando fechou em R$ 5,6561. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,6714. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
No dia anterior, a moeda americana teve baixa de 0,15%, cotada em R$ 5,5816.
Já o Ibovespa encerrou em queda de 0,31%, aos 134.320 pontos.
Com o resultado, o índice acumulou:
Na véspera, o índice fechou em alta de 0,12%, aos 134.737 pontos.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
O principal destaque no noticiário desta terça-feira (10) está com os novos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
A queda de 0,02% nos preços medidos pelo indicador foi a primeira deflação registrada pelo IBGE neste ano. Apesar da redução, a inflação anual continua muito perto do teto da meta do Banco Central do Brasil (BC).
No acumulado em 12 meses até agosto, os preços subiram 4,24%, abaixo das expectativas de mercado, de 4,30%, mas próximo aos 4,50% do limite estabelecido pelo BC.
A meta de inflação é de 3% para este ano, e será considerada cumprida se a inflação ficar entre 1,50% e 4,50%.
Mesmo com a deflação, o mercado segue com perspectivas de que o BC possa promover uma nova alta na Selic, taxa básica de juros, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que acontece na semana que vem.
Com a inflação mais acelerada nos últimos meses, as crescentes projeções de alta para os preços e a preocupação com os gastos públicos do Governo Federal trouxeram, sobretudo no último mês, uma visão de que o Copom terá de elevar os juros novamente, para conter a pressão inflacionária.
Hoje, a taxa Selic está em 10,50% ao ano, um patamar já considerado alto, mas resultado de uma sequência de cortes.
Juros maiores tornam os processos de tomada de crédito mais caros para a população e as empresas, o que tende a diminuir o consumo, os investimentos em expansão e desaquecer o mercado de trabalho.
A expectativa por esse aumento dos juros já começa a aparecer, inclusive, no Boletim Focus, relatório do BC que reúne as projeções de economistas para os principais indicadores econômicos do Brasil.
Nesta edição, o relatório mostrou que os economistas passaram a prever uma taxa Selic a 11,25% ao ano ao final de 2024 -- projeção que pode já refletir as expectativas por uma alta na próxima semana. Há uma semana, a taxa era estimada em 10,50% até o fim do ano.
Mesmo com as perspectivas de juros elevados, as projeções para a inflação continua subindo e chegaram a oitava semana consecutiva de alta. Agora, os economistas esperam um IPCA de 4,30% em 2024, contra 4,26% na semana passada.
Vale lembrar que as medidas adotadas pelo BC, como elevação dos juros, demoram alguns meses até serem sentidas na economia real -- o que pode levar a inflação a demorar um pouco mais a desacelerar, mesmo que o Copom aumente a taxa Selic.
Além do cenário doméstico, investidores também estão atentos ao debate entre Kamala Harris e Donald Trump, que acontece hoje.
Nas últimas semanas, as pesquisas eleitorais mostram uma grande volatilidade em quem deve assumir o comando da maior economia do mundo e ocupar a Casa Grande, com os números de intenção de voto para Harris e Trump subindo e descendo -- mas sempre muito próximos.
Por fim, outro fator que influenciou os negócios desta terça-feira foi a forte queda nos preços internacionais do petróleo, após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) ter reduzido sua previsão para o crescimento da demanda global da commodity em 2024 e 2025.
Fonte: g1