O dólar oscilava de volta aos R$ 5,50 e o Ibovespa tinha leve queda nesta terça-feira (17), à espera das decisões do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) e do Banco Central (BC) brasileiro sobre os juros em ambos países.
Os mercados globais avaliavam a última bateria de dados econômicos dos Estados Unidos antes do anúncio da decisão do Fed, com o país registrando resultados acima do esperado tanto para vendas no varejo quanto para produção industrial.
No cenário nacional, o foco também estava no início do encontro de dois dias do Comitê de Política Monetária (Copom), onde se espera que os membros do BC decidam por elevar a Selic, atualmente em 10,50% ao ano, em 25 pontos-base.
Às 14h40, o dólar caia 0,17%, cotado a R$ 5,499. A moeda encerrou a última sessão em recuo de mais de 1% negociado a R$ 5,511 na venda.
No mesmo horário, o Ibovespa, principal índice do mercado doméstico, também tinha leve queda de 0,54%, aos 134.384,76 pontos. As principais ações do índice exibiam queda, com destaque para recuos de Petrobras, da Vale e de bancos.
O Departamento do Comércio dos EUA informou que as vendas no varejo cresceram 0,1% em agosto na base mensal, acima da expectativa de analistas consultados pela Reuters de queda de 0,2%.
O resultado reduziu temores de que a demanda do mercado consumidor norte-americano esteja próxima do colapso, o que pode impactar na decisão dos membros do Fed sobre realizar um afrouxamento monetário agressivo ou gradual a partir da reunião deste mês.
“Observa-se, sim, uma desaceleração da economia do país, em especial no mercado de trabalho, um ritmo menor de criação de postos de trabalho no país, porém não dá para caracterizar a economia norte-americana como fraca”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
Mesmo após os dados positivos, operadores ainda colocavam 67% de chance de o Fed reduzir os juros em 50 pontos-base na reunião de dois dias que começa nesta terça. Na semana passada, a probabilidade de tal movimento esteve em 15%. A chance de um corte de 25 pontos-base está em 33%.
No cenário nacional, o mercado se posicionava para a reunião de dois dias do Comitê de Política Monetária (Copom), que começa nesta terça-feira. A expectativa continua sendo de uma alta de 25 pontos-base, o que ajudava o real a ter um desempenho melhor contra o dólar do que seus pares.
O aumento do diferencial de juros entre Brasil e EUA — com alta de juros pelo BC e redução da taxa do Fed — é, em tese, positivo para a moeda brasileira, uma vez que a torna mais atrativa para investimentos.
“A perspectiva de crescimento do diferencial de juros (…) tem beneficiado o real, tem ajudado na atração de capitais estrangeiros e pode ajudar a manter a taxa de câmbio brasileira em trajetória de queda” completou Mattos.
Operadores colocavam 90% de chance nesta manhã de que o Copom elevará a taxa de juros em 25 pontos-base na quarta-feira.
Além disso, na noite da véspera, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que eventos extraordinários devem ser tratados de “forma segregada”, citando como exemplo as queimadas em vários pontos do país, e que despesas para lidar com eles não violam o espírito do arcabouço fiscal.
“Os contratos de juros futuros subiram em todos os vencimentos com intensidade mais forte na ponta longa, dadas as preocupações com o fiscal, depois da decisão do ministro do STF Flavio Dino que autorizou o governo a emitir crédito extraordinário para ajudar o governo a conter os efeitos das queimadas”, disse o analista Kleber Detoni de Lima, da Necton, em relatório nesta manhã.
Fonte: CNN