Economia

Ibovespa sobe 1,27% na semana com juros dos EUA e estímulos na China; dólar recua a R$ 5,43





Na cena doméstica, dados da inflação e mercado de trabalho geram temor com dinâmica dos juros 

Ibovespa e dólar encerraram em queda nesta sexta-feira (27), em sessão marcada pelas expectativas do mercado de cortes mais robustos dos juros nos Estados Unidos após novos dados de inflação. O otimismo também foi reforçado pelos recentes anúncios de estímulos econômicos na China.

O clima positivo, porém, foi reduzido por questões domésticas, sobretudo o cenário fiscal e a dinâmica da inflação, após dados do mercado de trabalho e do IGP-M alimentarem temores de superaquecimento da economia, demando maior aperto da política monetária.

O Ibovespa encerrou a sessão com perda de 0,21%, aos 132.730 pontos, em sessão de fechamento sem direção única nas bolsas de Wall Street. Na Europa, o índice Stoxx 600, que reúne as principais companhias do continente, bateu recorde.

Apesar da perda na última sessão, o principal índice do mercado doméstico acumulou alta de 1,27% na semana.

Após forte queda na véspera, o dólar oscilou durante a maior parte das negociações, encerrando próximo da estabilidade, com queda de 0,16%, negociado a R$ 5,436 na venda. Na semana, a divisa norte-americana perdeu 1,53%.

EUA e China

Operadores aumentaram um pouco as apostas de que o Federal Reserve (Fed) fará um segundo corte de 0,5 ponto na taxa de juros em novembro, após dados do Departamento de Comércio mostrarem que a inflação medida pelo PCE subiu modestamente em agosto.

Os gastos do consumidor avançaram 0,2% no mês passado, após um ganho não revisado de 0,5% em julho, abaixo da previsão de economistas de alta de 0,3%, conforme relatório desta sexta.

“Isso sugere que a inflação está controlada, aumentando a probabilidade de novos cortes nos juros. Esse cenário favorece o avanço dos mercados de ações globais”, explica Christian Iarussi, sócio da The Hill Capital.

O mercado também ampliou o otimismo com pacote de estímulos econômicos da China anunciado nos últimos dias.

Desde terça-feira, quando o Banco do Povo da China divulgou medidas de afrouxamento monetário a fim de fomentar os investimentos na segunda maior economia do mundo, os mercados globais têm experimentado ganhos devido à expectativa de maior demanda vinda do enorme mercado consumidor chinês.

O impulso foi renovado na véspera, quando membros do Politburo do Partido Comunista Chinês prometeram “gastos fiscais necessários” para atingir a meta de crescimento econômico deste ano, de aproximadamente 5%.

Inflação e risco fiscal

No cenário local, as atenções estavam em dados do IGP-M, também chamado de “inflação do aluguel” e do mercado de trabalho.

Dados da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostraram mais cedo que o IGP-M acelerou mais do que o esperado por analistas em setembro, em alta de 0,62%, depois de ter avançado 0,29% no mês anterior.

A preocupação com a dinâmica da inflação tinha impactos na curva de juros brasileira, com as taxas futuras registrando altas nesta sessão, em meio aos riscos de aceleração da inflação.

Também nesta manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que o desemprego recuou a 6,6% no trimestre encerrado em agosto, o menor nível para o período desde o início da série histórica, em 2012.

Já dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) revelaram que a abertura de vagas formais de emprego no Brasil acelerou para 232 mil em agosto.

O resultado de agosto veio 19,1% maior que no mesmo mês do ano passado, quando o saldo ficou positivo em 219 mil vagas com carteira assinada.

Os dados chamam a atenção do mercado diante da força das atividades, indicando que o BC deverá ser mais rígido na política de juros para evitar mais desancoragens das expectativas.

“Ainda existem incertezas fiscais e dúvidas sobre o ritmo de elevação da Selic, especialmente após dados fortes do mercado de trabalho em agosto e o IGP-M de setembro”, diz Iarussi.

Também continuava no radar o cenário fiscal brasileiro, com agentes ainda demonstrando preocupação com o compromisso do governo com o ajuste das contas públicas, enquanto persegue a meta de déficit primário zero deste ano.

“Vejo muita cautela ainda com o cenário fiscal, e isso está nitidamente limitando a recuperação de nossos ativos locais”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.

 

Confira outras notícias

- IGP-M acumula inflação de 4,53% em 12 meses, diz FGV

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), usado como referência no reajuste de alguns contratos de aluguel, registrou inflação de 0,62% em setembro, deste ano. A taxa é superior ao 0,29% de agosto e de 0,37% em setembro do ano passado.

Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), o IGP-M acumula taxas de 2,64% no ano e de 4,53% em 12 meses.

A alta de agosto para setembro foi puxada pelos preços no atacado e no varejo. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPA), que mede o atacado, subiu de 0,29% em agosto para 0,70% em setembro, enquanto o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede o varejo, passou de 0,09% para 0,33%.

Por outro lado, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) apresentou uma redução da inflação, ao passar de 0,64% para 0,61%.

 

- Brasil gerou mais de 235 mil novos postos de trabalho em agosto

O Brasil ampliou em 232.513 o número de postos de trabalho com carteira assinada no mês de agosto, número 0,49% maior do que o observado no mês anterior. No acumulado do ano, período compreendido entre janeiro e agosto, já foram geradas 1.726.489 novas vagas. Os dados constam do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), divulgado nesta sexta-feira (27) pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

Tendo como recorte os últimos 12 meses (período entre setembro de 2023 e agosto de 2024), o saldo de postos de trabalho está positivo, com a criação de 1.790.541 novas vagas. “Com isso, o estoque, que é a quantidade total de vínculos celetistas ativos, contabilizou 47.243.764 vínculos, representando uma variação de +0,49% em relação ao mês anterior”, informou o ministério.

Ministro do Trabalho e Emprego em exercício, Francisco Macena ressaltou que a boa notícia é que “não só os cinco grandes grupos econômicos, mas as 27 unidades federativas apontaram crescimentos importantes”.

O destaque de agosto ficou com o setor de Serviços, que criou 118.364 postos em agosto. No acumulado do ano, o saldo positivo chegou a 916.369 novos postos. A indústria foi responsável pela criação de 51.634 novos empregos em agosto, com destaque para a indústria de transformação (50.915 postos). No acumulado do ano, este setor já soma 343.924novos postos.

Críticas ao BC

“O acumulado da indústria já representa 90% de todos os postos de trabalho que foram criados no ano passado. Isso, para nós, é um indicador muito importante por mostrar retomada do desenvolvimento econômico e da perspectiva de um desenvolvimento mais sustentável, apesar de o Banco Central, aquele povo ensimesmado, ainda trabalha, na nossa opinião, em uma perspectiva contrária ao desenvolvimento econômico do país, aumentando o custo da dívida pública e deixando de incentivar investimentos na indústria e na economia”, argumentou Macena ao ressaltar que o BC precisa levar em conta, nas análises que costuma apresentar, que “a perspectiva de desenvolvimento do país vai além da política monetária”.

O setor de comércio gerou 47.761 novos empregos com carteira assinada em agosto; e 169.868 no acumulado do ano. A construção civil criou 13.372 postos no mês e 213.643 no acumulado entre janeiro e agosto. Já o da agropecuária gerou 1.401 novos empregos formais em agosto; e 82.732 no acumulado de 2024.

“Quero chamar atenção para o quarto maior gerador de postos de trabalho [em agosto], que foi a construção civil. Na nossa opinião, começamos a ver os resultados dos investimentos públicos do Novo PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] na habitação. Principalmente, nos recursos de financiamento por FGTS Minha Casa Minha Vida no mercado imobiliário. Nossa expectativa é que isso seja impulsionado cada vez mais”, explicou o ministro.

Regiões e estados

No comparativo entre as regiões do país, o Sudeste gerou 841.907 empregos ao longo de 2024. O Sul gerou 309.140 novos empregos formais; o Nordeste registrou mais 257.925 vagas; o Centro-Oeste, 187.471; e o Norte, 104.773 postos.

“Acreditamos que os próximos meses nós continuaremos também nessa curva crescente e que sai a gente fecha o ano mesmo com a sazonalidade de dezembro chegando bem próximo ou se não batendo a marca de 2 milhões de novos trabalhadores formalizados”, disse o ministro em exercício.

“São Paulo está puxando o crescimento, com 60.770 [novos postos de trabalho]. Rio de Janeiro, 18.660 Postos; Pernambuco com 18.112; e o que a gente sempre tem destacado aqui: a importância da retomada dos empregos também no Rio Grande do Sul, que apresentou mais 10.413 empregos, consolidando uma retomada que vem desde julho”, disse o ministro.

Ele acrescentou que os números mostram uma vigorosa recuperação do mercado de trabalho no Rio Grande do Sul, após as chuvas e as enchentes que assolaram o estado. “Se a gente pegar o acumulado aqui também desse período, vamos perceber que o Rio Grande do Sul recuperou metade dos empregos que foram perdidos devido a catástrofe que aconteceu lá”.

Gênero, faixa etária e renda

Ainda de acordo com o Novo Caged, do total de novas vagas geradas no mês de agosto, 119.317 foram ocupadas por mulheres e 113.196 por homens. Com relação à faixa etária, o maior saldo foi observado entre os trabalhadores com faixa etária entre 18 e 24 anos (126.914 novos postos de trabalho).

Trabalhadores com ensino médio completo também registraram o maior saldo (154.057). Quanto à raça/cor, a maioria dos empregos foi gerada para pardos, com um saldo de 204.407 novos postos no mês.

O ministro destacou, também, os reflexos deste cenário no valor do salário médio das novas contratações. “O salário médio real de admissão de agosto ficou em R$ 2.156,86. Uma redução de R$ 7,54 em comparação com o valor de julho. Por outro lado, se a gente considerar os trabalhadores típicos [modelo tradicional, regido pela CLT], o salário real de admissão foi R$ 2.186,69 o que é uma elevação de 1,4%”.

“O emprego e a atividade econômica continuam crescendo no país. Continuaremos trabalhando essa meta do governo federal, de uma política de investimento em todos os setores. Acreditamos que este é o movimento virtuoso possível, para podermos proporcionar maior desenvolvimento e melhor distribuição de renda”, complementou Macena.

 

Fonte: Agência Brasil - CNN