O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) condenou nesta 2ª feira (30.set.2024) os ataques de Israel no Líbano e afirmou que há uma “chacina” em curso na Faixa de Gaza. As declarações foram dadas durante o Fórum Empresarial México-Brasil, na Cidade do México, capital do país.
Segundo o petista, o governo de Benjamin Netanyahu, premiê de Israel, está “atacando e matando pessoas inocentes” na tentativa de atingir o Hezbollah e o Hamas no Líbano e na Faixa de Gaza, respectivamente.
“A guerra é a prova da insanidade do ser humano. A guerra é a prova da incapacidade civilizatória do cidadão, que acha que ele pode, na explicação de que ele precisa se vingar de um ataque, fazer matança desnecessária com pessoas que não têm nem como se defender”, declarou.
Lula também declarou que o Brasil não tem “contencioso” nem deseja ter um e que, por isso, é também contra a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Disse que o conflito não traz benefício “a absolutamente ninguém”.
Eis a íntegra do que disse Lula:
“A guerra não traz absolutamente nenhum benefício a ninguém. O que ela vai trazer é o resultado do benefício da reconstrução de coisas que já estavam construídas. A gente não consegue trazer de volta as vidas destruídas. Por isso eu sou contra e condeno o que Israel está fazendo no Líbano, atacando e matando pessoas inocentes porque só aparecem nos jornais os líderes que querem matar, mas as pessoas inocentes não aparecem. É por isso que eu sou contra a chacina na Faixa de Gaza, onde já morreram 41.000 mulheres e crianças. E depois você vai ter que reconstruir o que levou séculos para ser construído. A guerra é a prova da insanidade do ser humano. A guerra é a prova da incapacidade civilizatória do cidadão, que acha que ele pode, na explicação de que ele precisa se vingar de um ataque, fazer matança desnecessária com pessoas que não têm nem como se defender. O Brasil quer ser uma zona de paz. O meu país não precisa de guerra, não precisa de conflito.”
Líbano e Israel passam por um momento de grande tensão. Israel e Hezbollah travam um conflito na fronteira desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023, depois de um ataque do Hamas, aliado do grupo extremista libanês.
No sábado (28.set), as FDI (Forças de Defesa de Israel) confirmaram a morte de Hasan Nasrallah, principal chefe do Hezbollah.
Israel voltou a atacar o Líbano na noite de domingo (29.set) e na madrugada desta 2ª feira (30.set). Os militares atingiram pela 1ª vez nesta guerra o centro de Beirute.
O conflito se intensificou depois de 2 ataques a dispositivos de comunicação utilizados pelo grupo extremista. O Líbano acusa o país judeu, que nega autoria. As explosões de pagers e walkie-talkies em meados de setembro deixaram ao menos 32 mortos e mais de 3.000 feridos.
A tensão escalou ainda mais depois de Israel lançar um grande ataque aéreo em 23 de setembro e provocar uma evacuação de libaneses. Outro ataque israelense no dia seguinte elevou o número de mortos para 558. Israel argumenta que as operações têm como alvo os líderes do Hezbollah.
Desde então, as FDI vêm realizando ataques diariamente a locais que, segundo os militares, são ligados ao grupo extremista Hezbollah. São os ataques aéreos mais intensos em quase 1 ano de conflito na região
- Lula defende revisão e novos acordos comerciais com o México
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (30) que os acordos comerciais entre Brasil e México precisam ser revistos e novos devem ser estabelecidos para explorar todo o potencial de comércio e investimentos entre os dois países. Lula participou de um fórum com mais de 400 empresários mexicanos e brasileiros, na Cidade do México, capital mexicana.
“O potencial da economia mexicana é extraordinário, o potencial da economia brasileira é extraordinário, eu acho que nós ainda não conseguimos utilizar 70% do potencial que nós temos. E por isso é que nós precisamos fazer novos acordos, discutir a fundo sem medo de discutir, tendo sempre em conta que uma boa política de relação comercial é uma via de duas mãos: eu quero vender, mas eu quero comprar. É preciso que haja um balanço equilibrado nessa relação política comercial”, disse.
Lula está no México para a posse da nova presidente, Claudia Sheinbaum, que ocorre nesta terça-feira (1º).
“Eu penso que vocês, companheiros empresários, não têm que ter medo, sentem em volta de uma mesa, vejam quais são os problemas que dificultam as nossas relações comerciais e vamos ver se a futura presidente da República e eu temos sabedoria de fazer com que as mudanças possam beneficiar o povo do México e o povo brasileiro”, acrescentou Lula.
Durante seu discurso, o brasileiro falou sobre a parceria com o Congresso Nacional na aprovação de projetos importantes, como o arcabouço fiscal e a reforma tributária, e defendeu as pautas de seu governo que, segundo ele, visam garantir previsibilidade e estabilidade no país.
“E por que nós resolvemos fazer tudo isso? Para que a gente pudesse oferecer garantias não apenas aos empresários brasileiros, mas oferecer também garantias aos empresários estrangeiros”, disse. “O máximo que um presidente da República pode fazer é abrir o portão, mas quem sabe conversar sobre o negócio são vocês”, completou.
A delegação brasileira tem mais de 150 empresários de diferentes setores, como alimentos, bebidas, maquinário, turismo, medicamentos, setor têxtil, fertilizantes e também de comunicações e energia. O fórum promoveu painéis sobre investimentos, segurança alimentar e exploração de alimentos, cadeias produtivas e nova indústria.
O governo brasileiro está empenhado em aprofundar o acordo de complementação econômica entre Brasil e México, o ACE 53. O Brasil quer ampliar o número de linhas que podem entrar com benefícios de comércio ou tarifas mais baixas, pois o acordo bilateral só abrange 13% das linhas tarifárias.
O ACE 53 estabelece a eliminação ou redução de tarifas de importação para um universo de aproximadamente 800 posições tarifárias, por meio da concessão de margens de preferências recíprocas entre Brasil e México. O instrumento prevê ainda que, no caso do Brasil, as importações de produtos constantes no acordo não estarão sujeitas à aplicação do Adicional ao Frete para a Renovação da Marinha Mercante (AFRMM).
Também está na mesa a renegociação e modernização do ACE 55, acordo de livre comércio para o intercâmbio comercial de automóveis; veículos comerciais leves, chassis com motor e cabina e carroçarias para estes veículos, caminhões e chassis com motor e cabina; tratores agrícolas, ceifeiras, máquinas agrícolas autopropulsadas e máquinas rodoviárias autopropulsadas; e autopeças para os produtos automotivos listados.
O México é o sexto parceiro comercial do Brasil e o quinto principal destino das exportações brasileiras. Em 2023, o comércio bilateral chegou a US$ 14,1 bilhões. Com quase 130 milhões de habitantes, o México tem a segunda maior economia da América Latina, atrás apenas do Brasil, e, em 2023, a economia do país cresceu 3,2%, segundo ano consecutivo de crescimento acima dos 3%.
As relações comerciais entre Brasil e México têm crescido nos últimos anos. De 2019 à 2023, as exportações brasileiras para o México cresceram 74%, isso com a pandemia no meio, passando de US$ 4,8 bilhões para US$ 8,5 bilhões.
Apesar do crescimento, as exportações do Brasil para o México representam apenas 2,5% do total, similar ao Chile, para onde o país exporta 2,3% do total. Por outro lado, as importações brasileiras de produtos mexicanos representam 2,3% do total das importações. Em 2023, o Brasil importou do México US$ 5,5 bilhões, crescimento de 4,9% em relação a 2022.
Ainda hoje, Lula tem reuniões com o atual mandatário do país, López Obrador, e também com a presidenta eleita. Entre os temas previstos para as bilaterais estão o meio ambiente e os desafios na área climática, questões de gênero e relações comerciais.
Sheinbaum será a primeira mulher a exercer a presidência do México.
Amanhã pela manhã, o presidente se desloca para a Câmara dos Deputados, no Palácio Legislativo de San Lázaro, onde ocorre a cerimônia de transmissão da posse presidencial. Em seguida, todos os líderes se dirigem ao Palácio Nacional, onde Claudia Sheinbaum receberá os cumprimentos. No mesmo dia, o presidente Lula retorna para o Brasil.
Fonte: Poder360 - Agência Brasil